quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Lixo Eletrônico e seu impacto ambiental


Por Arivano Sousa*

RESUMO

Por volta da década de 70 foi criado o chip, que por sua vez o processo de fabricação de equipamentos eletroeletrônico foi intensificado. Foi muito bom para milhões de lares mundo afora e para as organizações, que puderam otimizar processos, diminuir custos e melhorar a produção em geral. No entanto, essa tecnologia tem sido efêmera, sofrendo rápida obsolescência e, que se não tiver uma destinação adequada, gera o lixo eletrônico. Por isso o presente trabalho discute o tema, que é novo e desafiante. Além da efemeridade da tecnologia, vale ressaltar outros atores que têm contribuído com o aumento do lixo eletrônico, e o que pode ser feito para conter a onda desse tipo de lixo. Embora o problema está no presente, é de salutar importância um olhar no futuro para se tomar uma decisão no qual preserve a sustentabilidade das ações, contribuindo diretamente com o equilíbrio econômico, social e ambiental.

Palavras-chave: Lixo eletrônico. Meio ambiente. Sustentabilidade.


ABSTRACT

Around the 70's it was created the microchip, which in turn has intensified the process manufacture of electro-electronic equipment. It was very good to millions of homes around the world and for organizations which could optimize processes, decrease costs and improve the production in general. However, this technology has been ephemeral, suffering quick obsolescence, generating electronic garbage, if not destined adequately. That is why this work discusses the issue, which is new challenging. In addition to the ephemeral technology, it is worth mentioning other factors who have contributed with the increase in electronic junk, and what can be done to stop the wave of such waste. Although which preserves the sustainability of the actions, contributing directly with the balance economical, social and environmental.

Keywords: Eletronical. Environment. Sustainability.


1     INTRODUÇÃO


A sociedade contemporânea, dentre outras características, tem em seu aspecto o ser high-tech. E a cidade de Manaus/AM abriga o maior polo industrial eletroeletrônico do Brasil. Assim, apresenta fatores que favorecem um elevado aumento de consumo desse tipo de bem. A tecnologia está presente em todos os setores dessa comunidade global, principalmente na comunicação. Contudo o desenvolvimento tem apresentado uma conjuntura negativa: o lixo doméstico e industrial, que são motivos de preocupação para muitos gestores públicos.

O lixo é um problema sério, porque contém substâncias nocivas que podem contaminar o homem e o meio ambiente. E seguindo essas mesmas características, a tecnologia empregada no desenvolvimento da sociedade tem deixado um “rastro” de sujeira. É a tecnologia ultrapassada; também chamada de lixo eletrônico.

No entanto, se por um lado o lixo eletrônico é um tema ressente; as preocupações com o meio ambiente não são. Assim, com o advento da tecnologia efêmera, é crescente o número de equipamento eletroeletrônico obsoleto, aumentando, também, a preocupação com a destinação adequada dos mesmos. A tecnologia por mais importante que seja se faz necessário estudar o impacto no meio ambiente, buscando apresentar soluções sustentáveis.

O intuito maior que levou a abordar essa temática é porque muito interessa à sociedade, uma vez que a mesma cria e desenvolve, mas não dá uma destinação adequada ao lixo tecnológico. Pensar reengenharia como ferramenta que pode mitigar os efeitos negativos do lixo eletrônico.

2     DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


                   Na última década, o tema da sustentabilidade ganhou muita importância no cenário das organizações. Com isso a mídia dá destaques às ações “sustentáveis” dessas organizações. Entretanto entre o discurso e a ação o que de fato vem a ser DS?

                   O Relatório Brundtland, (1989, apud DIAS, 2005, p. 120) da ONU, define o DS como sendo “aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”.
Portanto um grande desafio para a sociedade no geral. Isso porque há uma necessidade de mudar maus hábitos interiorizados nas pessoas. Para Dias, (2005, p. 94) “Mudar o paradigma social (uso infinito dos recursos) para o novo paradigma do desenvolvimento sustentável”, é fundamental para que o DS seja posto em prática.
                   E essa mudança de paradigma é conquistada através da difusão da Educação Ambiental. Assim, promoverá a responsabilidade entre homem e natureza; convocando os cidadãos a serem corresponsáveis nas ações no meio em que vivem. A EA, por sua vez, consiste na disseminação de práticas sociais e ambientalmente corretas. Dias, (2005, p. 94) afirma que: “a EA deverá ser capaz de catalisar o desencadeamento de ações que permitam preparar os indivíduos e a sociedade representativa para o paradigma do DS.”
                   Dentro do aspecto do desenvolvimento sustentável é apresentado a questão da responsabilidade do homem com a natureza. Em uma sociedade com pessoas ambientalmente conscientes, (por meio da EA) os impactos na natureza podem atenuar ou até mesmo eliminar os efeitos negativos da ação humana. Para Maximiano, (2004 p. 407) o “princípio da responsabilidade social baseia-se na premissa de que as organizações são instituições sociais que existem com autorização da sociedade, utilizam os recursos da sociedade e afetam a qualidade de vida da mesma”.
                   A ideia da responsabilidade social, embora não seja nova, ganhou muita força quando a deterioração dos ecossistemas, provocada pela poluição, estimulou o debate sobre os benefícios e malefícios da sociedade capitalista.
                   Uma vez a sociedade formando pessoas responsáveis com o meio ambiente, passarão à adotar novas e sustentáveis práticas. Os 3 R´s: Redução, Reutilização, Reciclagem, são algumas dessas práticas. Para Rizzo, (2007 apud PINTO, 2009, p. 19) o conceito dos 3 R´s “deveria estar presente no currículo escolar de todos os alunos. Educar as crianças é mais eficaz, elas se sensibilizam. A criança vê na escola e coloca na prática em suas casas”.
                   Segundo Pinto, (2009, p. 20) o princípio da redução consiste em diminuir os bens de consumo. A tecnologia sofre rápida obsolescência, apresentando inovações. Os usuários, por sua vez, antenados nas novidades do mundo eletrônico querem e compram os lançamentos. Já as organizações não são muito diferentes, uma vez que troca seu parque tecnológico toda vez que o mesmo fica obsoleto. A competitividade acaba forçando as empresas e instituições a tomarem essa atitude.
                   É interessante observar que o que impulsiona esse desenvolvimento é a criação de softwares, pois para que o novo sistema funcione é necessário que o hardware tenha a capacidade de processamento desejável para sua implantação. E isso acaba levando as organizações a trocarem não somente de sistema ou programa, mas também os equipamentos eletrônicos.
              Reutilizar é outro modo comum que, se colocado em prática, contribui e muito com o meio ambiente. Pinto, (2009, p. 20) ressalta que considerando que muitos dos componentes eletrônicos são nocivos ao meio ambiente, a reutilização de peças e componentes são extremamente necessários. No entanto, como reutilizar algo que não funciona ou se funciona é um equipamento obsoleto? A organização poderá doar seu parque tecnológico ultrapassado para ONG que trabalha com inclusões digitais ou cooperativas que processam esses materiais, dando outras finalidades para o lixo tecnológico.
                   A reciclagem constitui-se uma prática muito mais comum que o de reutilizar. Hoje se recicla quase todos os materiais existentes. E com a reciclagem há um ganho de economia de energia, uma vez que para se conseguir a matéria prima dos bens serão gastos menos recursos; uma economia em torno de 30%, é o que afirma Bullara, (2008 apud Pinto, 2009, p. 21). A IBM e a Microsoft, por exmplo, possuem um programa de reciclagem de PCs, que são doados posteriormente a organizações sem-fins lucrativos. Outras empresas, como Compaq, Toshiba, Dell, Sharp e Unisys participam de programas “take back” (pegar de volta), onde o usuário paga uma taxa no ato da compra que inclui os gastos com a devolução e reciclagem do material, conforme Lucena, (2001, p. 23).
                   Outra vantagem oferecida pela reciclagem de materiais é a possibilidade de empregar famílias com a venda desses materiais. A reciclagem proporciona a inclusão econômica de inúmeras famílias que sobrevivem do lixo; beneficiando, portanto, diretamente, pessoas carentes.
                   Por fim tem-se a tecnologia Workflow que, segundo Cruz, (2002, p. 223) é: “A tecnologia que possibilita automatizar processos, racionalizando-os e potencializando-os mediante dois componentes implícitos: organização e tecnologia”. Cruz, (2002, p. 223) enfatiza ainda que o workflow por ser uma ferramenta que visa automatizar e suportar qualquer tipo de processo de negócio, ela é de grande valia para as organizações. Isso porque fará com que as instituições usufrua ao máximo a tecnologia empregada, otimizando os processos.
                   Ainda hoje os processos, na grande maioria das empresas continuam sendo passivos. Assim como suas atividades e seus sistemas. Por causa disso, os ganhos que poderiam advir com a implantação das novas tecnologias ficam aquém do esperado, conforme Cruz, (2002, p. 223). E o workflow uma vez implantado vai gerar um ativo informacional para toda a organização, facilitando e otimizando os processos.
              Numa pesquisa feita em 2010[1], demonstra que a maioria dos entrevistados pouco ou nada sabem sobre ferramentas de otimização computacional. No gráfico 1, 59% (cinquenta e nove por cento) dizem não conhecer as medidas para manter a boa usabilidade dos equipamentos de informática. É o que preconizava Tadeu Cruz sobre tecnologia do Workflow. A empresa de tecnologia da Previdência Social (Dataprev) disponibiliza em todos os computadores programas de otimização e segurança dos micros como VirusCan, Ccleaner, Cocar e Cacic. Uma situação ruim é que muitos dos servidores não sabem utilizar programas, como por exemplo, o Calc, programa que elabora planilhas profissionais de cálculos, que poderia ser muito útil no dia-a-dia dos servidores, auxiliando-os na organização e no acompanhamento dos processos atendidos. Somados a tudo isso, os computadores apresentam muitos problemas que inviabilizam o bom atendimento dos segurados; sendo que um cuidado utilizando as ferramentas disponibilizadas, melhoraria o desempenho dos micros, aumentando até mesmo a vida útil dos mesmos.





[1] Pesquisa de campo realizada na Agência da Previdência Social de Imperatriz/MA
3   LIXO ELETRÔNICO
                   O lixo eletrônico ou lixo tecnológico sofreu forte aumento depois da euforia tecnológica que marcou as últimas décadas. Jayo; Valente, (2010, p. 54) afirmam que hoje existem 1,7 bilhões de computadores pessoais em uso no mundo, o que significa, aproximadamente, um PC disponível para cada quatro habitantes. No Brasil, com um parque instalado de 60 milhões de PCs, essa proporção é de um PC para três habitantes, com perspectivas de evoluir até 2012 para um PC para cada dois habitantes.
                   Segundo Pinto, (2009, p. 34) o conceito de lixo eletrônico é: “todo material descartado, proveniente de qualquer aparelho eletroeletrônico”. Há dois tipos de lixo eletrônico, e que em alguns casos as pessoas não os diferenciam, provocando confusão; são o lixo virtual e o lixo físico.
                   O lixo virtual só existe no mundo virtual, ou seja, é intangível. Ocorre quando a caixa de correio eletrônica passa a receber e-mails indesejáveis de inúmeras propagandas. O e-waste é também conhecido comumente como “spam”. Hoje os spams estão mais sofisticados, pois os envios de e-mails indesejáveis se dão a partir dos contatos de uma lista de e-mails conhecidos e automaticamente. Pode acontecer, em alguns casos, que a pessoa esteja enviando “spam” sem que ela mesma saiba.
                   O lixo físico é propriamente dito, o físico, o tangível. Se enquadrando nessa categoria todos os eletroeletrônicos. Entre eles: TVs, aparelho de som, DVDs, micro-ondas, centrais de ar, geladeiras, aparelho de fax, celulares, mp3, mp4, mp7, monitor, computador, notebook, palmtop, impressoras, no-break, estabilizador, circuitos integrados, e muitos outros. Além de se caracterizar pela rápida obsolescência, o lixo eletrônico possui em sua composição substâncias tóxicas, tais como alumínio, berílio, cádmio, chumbo, cobre, ferro, cobalto e outros.
                   Um dos problemas do lixo é eletrônico apresentar em sua composição elementos que podem prejudicar a saúde humana, animal, aquática e vegetal. Em um relatório divulgado em fevereiro deste ano, a ONU alerta que o Brasil é o mercado emergente que gera o maior volume de lixo eletrônico a cada ano, segundo Valeparaibano, (2010, p. 7). Por ano, o país abandona 96,8 mil toneladas de PCs, perdendo apenas para a China com 300 mil toneladas. Diante dessa verdade a ONU pede que os países adotem medidas estratégicas para conter o aumento extraordinário desse tipo de lixo. Porque grande parte desse lixo é acumulada sem qualquer controle, provocando impacto ambiental e comprometendo a saúde humana.
                   O problema do lixo é em parte também dos administradores públicos. Às vezes tem até conhecimento sobre o tema, entretanto não tem projetos para esse tipo de lixo. Isso foi constatado numa entrevista com o secretário do Meio Ambiente do município de Imperatriz. O responsável informou que existe um projeto para a criação de um aterro sanitário no município, mas que, no entanto, não tem projeto para o problema do lixo tecnológico na cidade.
                   Segundo Vinícius, (2010, p. 73) na tabela 1 são apresentados alguns problemas de saúde humana acometidos pela destinação inadequada de metais pesados.

Tabela 1 – Problema de saúde acometido pelo lixo eletrônico

METAL PESADO
PRINCIPAIS DANOS CAUSADOS À SAÚDE HUMANA
Alumínio
Favorece a ocorrência do mal de Alzheimer e tem efeito tóxico sobre as plantas.
Arsênio
Pode provocar câncer da pele e dos pulmões e anormalidades cromossômicas.
Bário
Tem efeito vasoconstritor, causando problemas cardíacos.
Cádmio
Provoca descalcificação óssea, lesões nos rins e afeta os pulmões; tem efeito cancerígeno.
Chumbo
Causa dores de cabeça e anemia; age no sistema nervoso, renal e hepático.
Cobre
Causa intoxicação; afeta o fígado.
Cromo
Afeta o fígado e os rins; favorece a ocorrência de câncer pulmonar.
Mercúrio
Provoca lesões no cérebro; tem ação teratogênica – malformação de fetos durante a gravidez.
Níquel
Tem efeito cancerígeno (atua diretamente na mutação genética).
Prata
Tem efeito cumulativo, 10 g de nitrato de prata são letais ao ser humano.
Zinco
Entra na cadeia alimentar, afetando principalmente os peixes e as algas.


Fonte: MCTC



4 CONCLUSÃO

                   O presente artigo procurou discutir o assunto lixo eletrônico e seu impacto no meio ambiente de maneira objetiva e sintética. No estudo do tema foi possível vislumbrar a gravidade do problema e sua complexidade. Ao se mencionar o impacto, seja ele de qualquer natureza, é dado o desafio de entendê-lo no ambiente em que está inserido, o princípio-causador do mesmo.

                   Assim, a tecnologia tem avançado rapidamente e inutilizando os equipamentos eletroeletrônicos usados. Alguns culpam o capitalismo pelo empobrecimento dos recursos naturais e o aumento da miséria humana no mundo. Entretanto, vale ressaltar que o sistema capitalista é formado por pessoas. Então, onde estaria o problema, no sistema capitalista ou na falta de conscientização das pessoas que compõem esse sistema? Daí surge o desenvolvimento sustentável, que vem a ser o equilíbrio entre desenvolvimento econômico, social e ambiental.

                   Sabe-se que neste tripé, a base do desenvolvimento sustentável é a promoção e disseminação da educação ambiental. E isso começa nos primeiros passos dados pelas crianças na escola; passando por todos os setores da sociedade, pública ou privada; sendo primordial envidar todos os esforços no sentido de alcançar a sustentabilidade.

                   Em pauta é sugerido colocar em discussão a conscientização ambiental da sociedade em geral por meio da mídia e educação de base: ensino fundamental e médio, promovendo, assim, a educação ambiental. Uma vez a sociedade formando pessoas responsáveis com o meio ambiente, passarão à adotar novas e sustentáveis práticas. Os três R´s: Redução, Reutilização, Reciclagem, são algumas dessas práticas.

                   Por tudo isso, o presente trabalho não tem a pretensão de apresentar soluções prontas e acabadas, mas instigar as pessoas para que saiam do anonimato para o centro das discussões, sobre o tema meio ambiente e lixo eletrônico. Sair da teoria de normas e condutas para ações pragmáticas; objetivando efeitos positivos nas organizações e na sociedade em geral, conclamando a todos para também contribuir suas ideias e ações.

REFERÊNCIAS

DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 8. ed. São Paulo: Gaia, 2003.

JAYO, Martin; VALENTE, Rafael. Por uma TI mais verde. GV Executivo, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 54-55, jan./jun. 2010.

MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia: volume único. São Paulo: Scipione, 2005.

ONU, Organização das Nações Unidas no Brasil. Disponível em: <www.onu-brasil.org.br>. Acessado em 01/10/2010.

PINTO, Flávio Nakamura. TI verde: a tecnologia sendo influenciada pelo meio ambiente. São Paulo, 2009. [TCC – Faculdade de Tecnologia da Zona Leste]

VALEPARAIBANO, Jornal. Meio ambiente: ONU alerta sobre lixo eletrônico. p.7, 23 fev. 2010.

VINÍCIUS, Sérgio. Lugar de E-lixo não é no lixo: Componentes eletrônicos exigem descarte apropriado para não poluir o meio ambiente. São Paulo: Abril, 2010.

Um comentário:

Unknown disse...

Excelente projeto!